Veja quanta Bobagem!
Resposta de Carlos Bernardo Loureiro à reportagem de capa da revista Veja de 11 de maio de 2005
Fiquei surpreso com a matéria sob o título "Os vivos e as outras vidas", de autoria de Gabriela Carelli, nessa revista de circulação nacional. Milito no movimento Espírita há 25 anos. Já foram publicados 23 livros, de minha autoria, por editoras com a da Federação Espírita Brasileira - FEB. Sinto dizer que a referida matéria não espelha a verdade dos fatos, embora seja louvável ou esforço de sua autora de apresentar ao público um rol de informações até certo ponto aceitáveis.Quando afirmei anteriormente que a matéria não espelha a verdade dos fatos, é porque as colocações da autora não se identificam com o conteúdo científico, filosófico e ético do Espiritismo. Afirmar que "O Espiritismo também crê que com algum treino qualquer pessoa pode se comunicar com os mortos" não é verdade. A comunicação com os mortos vem desde eras primordiais. Àquele tempo a comunicação com os mortos era feita de modo natural. Com Allan Kardec esse processo, que se realiza através da mediunidade, é operacionalizado mediante procedimentos e normas devidamente controlados. Quanto à purificação do espírito "devido às boas ações", deve-se observar a que ações a autora se refere. Na verdade não é uma questão de purificação; é sem embargo um processo ligado às experiências que o espírito vai acumulando através das reencarnações sucessivas, ao tempo em que se subordina aos ordenamentos da Lei de Causa e Efeito ou Lei de Causalidade. Aliás, o próprio Jesus sentenciou: "A cada um segundo as suas obras..."Quanto à cultura grega clássica, em que "era permitido às almas novas seres para reencarnar, fossem humanos ou animais." parece que a autora confundiu a cultura grega com a egípcia, que admitia a metempsicose. Quem falou na Grécia sobre a reencarnação das almas humanas em animais foi Pitágoras. Entretanto, no seu opúsculo "Roteiros de Viagem" ele se retrata, exatamente porque participou de memoráveis reuniões mediúnicas, em que se incluíam materializações de espíritos nos templos egípcios de Mênfis, Tebas e Heliópolis. Aí está o que se chama de esoterismo - com S, porque o que se escreve com X era para o povo.Quanto à citação de Hamlet também parece que a autora se enganou confundindo e conseguindo fazer uma con(fusão) entre Hamlet e Macbeth.Quando a autora informa que o Espiritismo "coloca o sofrimento como uma forma de purificação da alma", não é verdade. Ela deve ter lido algo a respeito nas obras mediúnicas que infestam o movimento Espírita Brasileiro. O certo é que o sofrimento não raramente decorre dos resultados dos atos que praticamos, conforme preceitua inteligentemente a Lei de Causa e Efeito. Eis que a dor e o sofrimento são na realidade, não uma punição ou passaporte para o estado de pureza, mas sim um chamamento severo à responsabilidade na consecução dos atos que nós praticamos. Existe até uma paridade entre o ato e a sua conseqüência. Aliás, Jesus já dizia que a ninguém será dado um fardo além de sua capacidade de suportá-lo.No que concerne à informação de uma antropóloga da Universidade de São Paulo sobre a chegada do Espiritismo ao Brasil "pelas mãos da elite que costumava estudar na França" e que as idéias de Allan Kardec foram assimiladas facilmente porque o brasileiro já convivia com as práticas espiritualistas", a que práticas espiritualistas a antropóloa da PUC de São Paulo se refere? Ao candomblé? Só pode ser, louvando-se certamente um sincretismo que nunca houve: Espiritismo/Cultos Africanos. Na verdade o Sincretismo houve, mas entre o catolicismo e os cultos africanos (não há registro na referida matéria relativo a qualquer consulta aos estudiosos espíritas brasileiros. A autora consultou preferencialmente personalidades ligadas ao catolicismo).Perguntamos a que elite a antropóloga da PUC se reporta? Será a elite baiana que acolheu o Espiritismo? Essa elite, formada por membros do Instituto Provincial Histórico da Bahia, terminaria fundando o 1º Centro Espírita na Bahia, no Brasil e na América Latina em 17 de setembro de 1865. O citado centro foi chamado de Grêmio Familiar do Espiritismo. À frente desses intelectuais destacava-se a figura impoluta de Luiz Olímpio Teles de Menezes, companheiro de Rui Barbosa no Conservatório Dramático da Bahia.Qualquer informação adicional: diretoria@telma.org.brFraternalmente,Carlos Bernardo Loureiro (falecido) Ex-Delegado da Confederação Espírita Panamericana
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