quarta-feira, 6 de maio de 2009


BUFFALO INVESTIMENTOS


16/10/2006 - 16:00 Edição nº 438 - (REVISTA ÉPOCA)

Forasteiro no mercado
A estratégia da pequena Buffalo Investimentos para prosperar no dinâmico mundo das finanças empresariais FALTA FOCO? Barbierato, fundador e presidente da Buffalo. Ele comprou participações em empresas de autopeças no Brasil, abriu uma fábricana China e uma tradingem Dubai, no Oriente Médio Do mundo esotérico das finanças, poucas coisas despertam tanto interesse quanto os negócios das grandes empresas. Eles incluem fusões e aquisições, a reestruturação de empresas problemáticas - com suas indefectíveis ondas de demissões - ou a compra de participações acionárias em empreendimentos promissores - com suas mais raras ondas de contratações. Por envolver cifras bilionárias e oferecer alto potencial de lucro, é uma área dominada por gigantes nacionais - como a GP Investimentos, que controla a AmBev e a Lojas Americanas - ou internacionais, como os bancos de investimento J.P. Morgan, dos Estados Unidos, e o C.S. First Boston, ligado ao Crédit Suisse, um dos maiores bancos suíços. Raros, raríssimos forasteiros conseguem se estabelecer e alcançar bons resultados. Mas a Buffalo, uma pequena empresa de investimentos criada há quatro anos em São Paulo, parece empenhadíssima em fazer parte da lista. E, a julgar pelo seu retrospecto, tem tudo para chegar lá.Ela foi fundada em 2002 pelo economista André Barbierato, então com 31 anos, depois de passar pelos bancos Opportunity e Indosuez e pela Rosenberg & Associados, do consultor Luís Paulo Rosenberg. Apesar do pouco tempo de vida, a Buffalo já fechou grandes negócios. Com o apoio de um grupo de investidores privados, comprou participações em duas fábricas de autopeças: Maxiis e GapBr. Responde pela gestão de ambas, cujos faturamentos somam cerca de US$ 10 milhões por ano (R$ 22 milhões). Montou uma fábrica própria de autopeças em Ningbu, a 600 quilômetros de Xangai, na China, e assumiu a produção terceirizada de mais 300 itens de fabricantes locais. O objetivo é faturar na China outros US$ 10 milhões já em 2007. A Buffalo comprou ainda uma fatia de uma empresa de marketing, a Braincast, e formou uma parceria com o Grupo Universitário, da área educacional. A idéia é desenvolver um sistema de ensino específico para a rede pública, um mercado que, segundo a empresa, deverá crescer nos próximos anos. Agora, a Buffalo está envolvida numa intensa negociação para comprar uma participação na Editora Peixes, do empresário Ângelo Rossi, que publica revistas como Sexy, Fluir, Terra e Gula. "A gente procura identificar oportunidades, entender o funcionamento de cada mercado, o modelo do negócio e vê o que é possível fazer para viabilizá-lo", diz Barbierato."Se Bin Laden pode destruir um império sozinho, também dá para erguer um, só com um laptopna mão"Além de seu braço de participações, o mais visível para o mercado, a Buffalo fincou sua bandeira também nas áreas de reestruturação financeira e de comércio exterior. Na primeira, cuidou da TecToy, empresa de jogos eletrônicos que quase quebrou anos atrás. Na segunda, comprou uma participação na Ipanema Trading e abriu uma empresa similar em Dubai, no Oriente Médio, em 2002. Lá, Barbierato é sócio de mais dois brasileiros. Sua fábrica na China serve também como base para os negócios de importação e exportação do grupo.O próximo passo é usar as representações lá fora para captar recursos de terceiros. De acordo com Barbierato, na China e no Oriente Médio está o que ele chama de "eixo de liquidez" mundial. "Se alguém pode destruir um império sozinho, como o terrorista Osama Bin Laden, também é possível construir um, só com um laptop na mão e motivação para fazer as coisas acontecer", afirma. Para estimular as tradicionais famílias árabes e as empresas chinesas a investir aqui, Barbierato diz que se tornou nos últimos tempos um grande vendedor do Brasil no exterior. Ele acredita que a aceleração do crescimento é questão de tempo. Se tudo correr como Barbierato imagina, a Buffalo pode se transformar num dinâmico banco de negócios e num grande agente catalisador de recursos externos para o Brasil. Com tantos projetos em andamento, porém, o risco é a Buffalo perder o foco ou não conseguir atrair talentos suficientes para realizá-los. Às vezes, é melhor fazer algumas poucas coisas bem, em vez de tentar abraçar o mundo - da China ao Dubai - e, no final, só conseguir fazer tudo pela metade.

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